domingo, 25 de novembro de 2007

A gota



Cai
No espaço
Do seu destino
Precipita-se
No intervalo
Do tudo
E o nada
Solta-se
Momento a momento
Na cadência
Do deu movimento
Vai
Do teto
Ao chão
Viajando
Naquele espaço
Fenda no teto
Transporte
No vento
Morre no chão
Na umidade do tempo
Repetindo a trajetória
Do último elemento
Molhando minhas letras
Neste dia cinzento
Gota de cristal
Lágrima de firmamento
Tu poesia
Eu poeta
Unidos num átimo
Do meu pensamento.

Gerson Ferreira da Silva Filho
no site: www.usinadeletras.com.br

Um comentário:

Anônimo disse...

Tati, é um texto de momentos de reflexão que achei, pertinente ao assunto... bjs...

As Chuvas dos Olhos

“Chove.

Na fonte das águas, chove.

Na fronte das lágrimas do pretérito calado.

Lavando a chuva dos olhos cansados.

Chovendo nos mares, nos mares amados.”



Há quanto tempo você não chora?

Há quanto tempo seus olhos não são inundados por lágrimas, por estas pequenas gotas que parecem nascer em nosso coração? Há quanto tempo?

Assim como o fenômeno natural da precipitação atmosférica, a chuva, realiza o trabalho de purificar a terra, a água e o ar, também nossas lágrimas têm tal função.

A de limpar nosso íntimo, a de externar nossas emoções, sejam elas de alegria ou de pesar.

Precisamos aprender a expressar nossos sentimentos.

Nossa cultura possui conceitos arraigados, como o de que “homem não chora”, ou que “é feio chorar”, que surgem em nossas vidas desde quando crianças, na educação familiar, e acabam por internalizarem-se em nossa alma, continuando a apresentar manifestações na vida adulta.

Sejamos homens ou mulheres na Terra, saibamos que todos rumamos para a busca da sensibilidade, do autodescobrimento, e da expressão de nossos sentimentos.

Tudo que deixarmos guardado virá à tona, cedo ou tarde.

Se forem bons os sentimentos contidos, estaremos perdendo uma oportunidade valiosa de trazê-los ao mundo, melhorando nossas relações com o próximo e conosco mesmo.

Se forem sentimentos desequilibrados, estaremos perdendo a chance de encará-los, de analisá-los, e de tomar providências para que possam ser erradicados de nosso interior.

As barreiras que nos impedem de nos emocionar, de chorar, são muitas vezes as mesmas que nos fazem pessoas fechadas e retraídas.

Barreiras que carecemos romper, para que nossos dias possam ser mais leves, mais limpos, como a atmosfera que recebe a água da chuva, e nela encontra sua purificação.

As chuvas dos olhos fazem um bem muito grande.

Desabafar, colocar para fora o que angustia nosso íntimo, ou o que lhe dá alegria, é um exercício precioso. Um hábito salutar.

Dizer a alguém o quanto o amamos, quando este sentimento surgir em nosso coração – mesmo sem um motivo especial -, será sempre uma forma de fortalecimento de laços.

De construção de uma união mais feliz, e principalmente, um recurso para elevarmos nossa auto-estima, nosso auto-amor.

* * *

Deus nos concedeu a chuva para regar os campos, para tornar mais puro o ar.

Também nos presenteou com as lágrimas, para que as nossas paisagens íntimas pudessem ser regadas, e para que os ares do Espírito encontrassem a pureza.