quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Livros


"Os livros nos dão conselhos que os amigos não se atreveriam a dar-nos." (Samuel Smiles)

"O mundo é um belo livro, mas com pouca utilidade para quem não sabe ler." (Carlo Goldoni)

"Um país se faz com homens e livros." (Monteiro Lobato)

"Meu primeiro livro foi o mapa do Brasil." (Heitor Villa-Lobos)

"Não há livros morais nem imorais. O que há são livros bem escritos ou mal escritos." (Oscar Wilde)

"O livro é uma extensão da memória e da imaginação." (Jorge Luis Borges)

"Livros são os mais silenciosos e constantes amigos; os mais acessíveis e sábios conselheiros; e os mais pacientes professores." (Charles W. Elliot)

"É claro que meus filhos terão computadores, mas antes terão livros."
(Bill Gates)

"De três coisas precisa o homem para ser feliz: benção divina, livros e amigo." (Henri Lacordaire)

"É bom ter livros de citações. Gravadas na memória, elas inspiram-nos bons pensamentos." (Winston Churchill)

"Livros e solidão: eis o meu elemento." (Benjamin Franklin)

"Nunca levei a sério os meus livros, mas levo muito a sério as minhas opiniões." (Gilbert Keith Chesterton)

"Ainda acabo fazendo livros onde as nossas crianças possam morar."
(Monteiro Lobato)

"Os livros são os túmulos dos que não podem morrer." (George Crabbe)

"A verdadeira universidade de hoje é uma coletânea de livros." (Thomas Carlyle)

"A leitura de um bom livro é um diálogo incessante: o livro fala e a alma responde." (André Maurois)

"O maior defeito dos livros novos é impedir a leitura dos antigos."
(Joseph Joubert)

"Muitas vezes, um livro forma ou arruína um homem por toda a vida."
(Johann Gottfried von Herder)

"Há livros que lemos com a impressão de estar dando uma esmola ao autor." (Friedrich Hebbel)

"Lê em primeiro lugar os bons livros, ou muito provavelmente não terás a oportunidade de os ler." (Henry David Thoreau)

Quais são os seus nomes de Deus?


Vermeer - Mulher lendo uma carta


"De vez em quando perguntam-me se acredito em Deus. Mas é claro. Acredito mais que a maioria das pessoas. Tenho até trinta e três nomes para ele. Esses nomes foi a Margueritte Yourcenar que me contou. Ela foi uma escritora maravilhosa, autora do livro Memórias de Adriano, quem lê nunca mais esquece, quer ler de novo. Pois esses são os trinta e três nomes de Deus que ela me ensinou. É só falar o nome, ver na imaginação o que o nome diz, para que a alma se encha de uma alegria que só pode ser um pedaço de Deus... Mas é preciso ler bem devagarinho...
1. Mar da manhã
2. Barulho da fonte nos rochedos sobre as paredes de pedra
3. Vento do mar de noite, numa ilha
4. Abelha
5. Vôo triangular dos cisnes
6. Cordeirinho recém-nascido
7. Mugido doce da vaca, mugido selvagem do touro
8. Mugido paciente do boi
9. Fogo vermelho no fogão
10. Capim
11. Perfume do capim
12. Passarinho no céu
13. Terra boa
14. Garça que esperou toda a noite, meio gelada, e que vai matar sua fome no nascer do sol
15. Peixinho que agoniza no papo da garça
16. Mão que entra em contato com as coisas
17. A pele, toda a superfície do corpo
18. O olhar e tudo o que ele olha
19. As nove portas da percepção
20. O torso humano
21. O som de uma viola e de uma flauta indígena
22. Um gole de uma bebida fria ou quente
23. Pão
24. As flores que saem da terra na primavera
25. Sono na cama
26. Um cego que canta e uma criança enferma
27. Cavalo correndo livre
28. A cadela e os cãezinhos
29. Sol nascente sobre um lago gelado
30. O relâmpago silencioso
31. O trovão que estronda
32. O silêncio entre dois amigos
33. A voz que vem do leste, entra pela orelha direita e ensina uma canção

Agradeço ao Carlos Brandão por haver me apresentado os trinta e três nomes de Deus da Margueritte. Não é preciso que sejam os seus. Faça a sua própria lista. Eu incluiria:

Ouvir a sonata Apassionata de Beethoven.
Sapos coaxando no charco.
O canto do sabiá.
Banho de cachoeira.
A tela “Mulher lendo uma carta”, de Vermeer.
O sorriso de uma criança. O sorriso de um velho.
Balançar num balanço tocando com o pé as folhas da árvore...
Morder uma jabuticaba...
Todas essas coisas são os pedaços de Deus que conheço... Sim, acredito muito em Deus".

Rubem Alves

Vai lá: www.rubemalves.com.br

Velhice...


"Descobri que eu estava velho há muitos anos, num metrô de São Paulo. Foi assim: o vagão estava lotado e não havia assento vago. Não liguei. Eu era jovem, pernas e braços fortes, podia fazer a viagem de pé, segurando um balaústre. Aí comecei a observar metodicamente o rosto das pessoas, coisa que gosto muito de fazer. Os rostos revelam mundo. Muitas crônicas me apareceram no ato de observar um rosto. Uma vez, tomando o meu café da manhã num hotel em Uberaba, fui comovido pelo rosto de um garçom já meio velho, magro, calvo, daqueles que não cortam o cabelo de um lado, para com seus fios compridos tentar disfarçar (inutilmente) a calva lisa. Aquele rosto me comoveu. E, quase que num segundo, apareceu na minha imaginação a trama de um conto. É sobre um garçom que trabalhava num hotel onde pilotos e aeromoças pernoitavam. Ele se apaixona por uma delas e a sua vida passa a girar em torno dos dias em que sua escala de vôos fazia com que aquela que ele amava secretamente dormisse no hotel. O garçom, servindo o café da manhã, dela se aproximava e respirava fundo para sentir o seu perfume. Até saiu pelas lojas de perfume, à procura daquele... Terminado o café ele recolhia copos e xícaras. Aí, furtivamente, na cozinha, quando ninguém estava olhando, os restinhos que haviam sobrado... Era como se ele a estivesse beijando. Mas, voltando ao metrô. De repente meus olhos encontraram uma moça que também olhava para mim, com um discreto sorriso nos lábios. Foi um momento de suspensão romântica: eu olhando para ela, ela olhando para mim. Aquele poderia ser o início de uma estória de amor por acontecer. Muitas estórias de amor se iniciam em estações. Mas então, naquele momento de suspensão romântica, ela fez um gesto delicado: sorrindo, ela se levantou e me ofereceu o lugar... Entendi então o sentido do seu sorriso: olhando para mim ela se lembrava do seu avô, velhinho tão querido... Compreendi que eu estava velho. Foi um momento de revelação. Desde então o meu pensamento volta sempre para a velhice".

Rubem Alves (Correio Popular, Caderno C, 09/12/2001.)